Terror brasileiro renasce com 'Encarnação do demônio', o novo filme de Zé do Caixão


SÃO PAULO - Eis que o terror brasileiro renasce, junto com seu mais importante personagem, Zé do Caixão, no longa-metragem "Encarnação do demônio", cuja estréia acontece em 8 de agosto. Foram mais de 40 anos de ausência das telas antes da volta triunfal do cineasta e ator José Mojica Marins em uma superprodução para seus padrões ( veja o trailer do filme no site oficial ).

"Encarnação do demônio" completa a trilogia iniciada com "À meia noite levarei sua alma" (1964) e "Esta noite encarnarei no teu cadáver" (1967). Assim como nos filmes anteriores, Zé do Caixão continua sua busca pela mulher superior para gerar seu filho perfeito.

O roteiro foi escrito por Mojica em 1966. O filme era para ser rodado em 1967, mas só saiu do papel em 2006, com a ajuda de Dennison Ramalho, que atualizou o roteiro original; Paulo Sacramento, responsável pela montagem; e os irmãos Gullane, os produtores.

Mojica, que nunca fez um filme com mais de R$ 120 mil, desta vez contou com R$ 2 milhões de orçamento. No início das filmagens, ele não sabia como iria comandar seis assistentes de direção ou lidar com mais de mil figurantes. Pois o resultado final é, para a alegria dos fãs de Zé do Caixão, fiel ao estilo trash que o consagrou.

O filme é bem executado, com um texto afiado e um roteiro bem amarrado. Há momentos brilhantes, tais como o beijo de língua de Zé Celso Martinez Corrêa na Morte. O diretor teatral faz uma participação especial como o mistificador que aparece em uma visão de Zé do Caixão no purgatório. Jece Valadão, em seu último trabalho, também merece destaque, como o policial que há 40 anos perdeu um olho nas unhas do coveiro maldito e agora quer vingança.


Milhem Cortaz (de "Carandiru" e "Tropa de elite") interpreta um monge cujo pai foi assassinado por Zé do Caixão. A primeira cena do ator no filme, se autoflagelando, é memorável. E por falar em autoflagelação, tortura é o que não falta em "Encarnação do demônio" em suas mais variadas formas. Uma policial é afogada em uma tina com milhares de baratas vivas. Mojica contou, na época das filmagens, que não houve truque: a atriz contracenou com insetos verdadeiros.

"Encarnação do demônio" começa com Zé do Caixão sendo solto da cadeia, após um período de 40 anos na prisão. Luiz Melo é o diretor do presídio e abre o filme em um plano seqüência que narra a saída do coveiro da prisão. É a primeira vez que o personagem está na cidade grande. Acompanhado de Bruno (Rui Rezende), seu fiel servo e seguidor, Zé do Caixão vai morar em uma favela. Esta é outra sacada do roteiro.

O mestre do terror fica horrorizado ao ver meninos cheirando cola nas ruas. Ele também chega a agir como justiceiro na comunidade, ao reagir à violência policial contra crianças e pedir justiça, clamando contra Deus em um enterro. Mas o filme, que opta pela diversão descompromissada, não segue por essa vereda espinhosa de milícias em comunidades.

Fonte:CliqueAqui

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